domingo, 22 de abril de 2007

e me escondo em silêncio

pra florescer

além desta noite

serei a mágica de algum deus-menino

me universalizarei de máquina

assumindo o lirismo difícil das manhãs

(é o futuro – fechem os olhos)

a primavera me assusta

com seu perfume

inesperado e novo

minha alma não sapateia

eu preciso

abandonar o velho corpo

e tocar fogo em minha cabeça

para acordar

o século e atrair

os leopardos


Segundo a crença mais comum, divulgada pelo livro lunar, os seibás eram crianças que caíram do céu, provocando histeria nas pernas dos deuses mais espantados. A queda fez com que suas palavras ganhassem um doce vento azul, o mesmo do estômago da origem. Desde então, fala-se que os seibás desinventam a memória que o sol cria no corpo. Usam profecias de acordo os espíritos de ontem, mas olham para o futuro como se o próprio-fosse quando. Para as mentes sem delírio, os seibás eram apenas visões rarefeitas na parede do século ou flores que as mãos não sabem desenhar. Raramente se atinge um consenso sobre os registros deixados pelas coletividades seibás. Os animais se esforçam por. Os seibás caminham no rio, diz o Cristo. À sombra constroem, diz o Buda. Krishna geralmente fica em silêncio rindo ou dançando na lua. Do canto da cabeça, os seibás.


fico assim

de silêncio comigo mesmo