vamos embora para bogotá
lá sou amigo dos três
garis que descansam
corpo e alma no balanço
ao contrário de vocês.
segunda-feira, 23 de março de 2015
ele não tem dúvidas de que é o maior poeta brasileiro vivo. mas anda
mesmo é com a cabeça nas enterradas do kobe bryant e quase chora quando
as luzes da quadra de basquete de rua do interior de buenos aires, no
interior de pernambuco, estão acesas à noite. isto acontece uma vez ao
mês. o pai trabalha na feira da cidade, a mãe faz artesanato que um
gringo atravessador compra barato e vende caro em berlim. dois metros e
vinte centímetros. ele não duvida que é o maior poeta brasileiro vivo. e
vive lembrando que poesia não salva ninguém, anda sempre de barro. e
não desenrola nem uma bola, nem as luzes acesas durante o mês. mas ele
continua escrevendo e tentando arremessos de três e ménage à trois.
verde é a cor do mofo e da corrupção.
deslizamos suavemente sobre
a superfície das águas
sem saber
que os motores do barco
irão parar de repente
e ficaremos
à deriva
por pouco tempo, é verdade.
peste, guerra, fome e morte
são cavalos rápidos
e estamos espalhando nosso necrochorume
pelos lençóis freáticos.
freaks fanáticos, aprendemos a gozar
entre os gases do efeito estufa
e os vapores do asfalto.
osso contra osso, ácido.
os mortos enterram os mortos
e as baratas e os javalis não sentirão nossa falta.
já não há fantasmas no sofá,
e do vinho não sobrou nem os copos
e eu não ouço mais minha vó cantar:
o planeta é uma planta y no plata.
deslizamos suavemente sobre
a superfície das águas
sem saber
que os motores do barco
irão parar de repente
e ficaremos
à deriva
por pouco tempo, é verdade.
peste, guerra, fome e morte
são cavalos rápidos
e estamos espalhando nosso necrochorume
pelos lençóis freáticos.
freaks fanáticos, aprendemos a gozar
entre os gases do efeito estufa
e os vapores do asfalto.
osso contra osso, ácido.
os mortos enterram os mortos
e as baratas e os javalis não sentirão nossa falta.
já não há fantasmas no sofá,
e do vinho não sobrou nem os copos
e eu não ouço mais minha vó cantar:
o planeta é uma planta y no plata.
afinal de contas, ser feliz pra quê? ela perguntou como quem atira um
vaso chinês da dinastia ming contra a parede. eu olhava cada caquinho de
porcelana, com suas pequenas flores azuis desfiguradas. a vida é o que
é, um pouco de vento alivia a tristeza das samambaias, um pouco de água
sempre é suficiente para fazer o filhote de leopardo que guardo no peito
abrir um sorriso. as pequenas flores azuis, os caquinhos, começaram a
se juntar quando uma ambulância passou na avenida rasgando
o horizonte para socorrer corações atropelados. esqueci de dizer,
estávamos pelados. as palavras caem no chão feito frutas. às vezes é
possível encontrar uma manga madura no chão, sem grandes hematomas. mas
na maior parte do tempo chegamos atrasados e as palavras apodrecem.
frases ditas perto da caixa toráxica pesam mais que a respiração dos
rinocerontes. em tudo que disse, ela permaneceu de olhos fechados.
lindos olhos verdes dormindo debaixo das pálpebras do sonambulismo. como
um geógrafo cego, tateei o dorso dela, as pernas, os poemas das
omoplatas, as canções das orelhas e a tranquilidade dos dedos mindinhos
dos pés. a imagem da felicidade é um guarda-chuva que esquecemos no
ônibus que nos levou para longe de nós mesmos. ela abriu os olhos. eu já
não precisava descobrir a tradução do termo sânscrito santosha.
cometeremos erros melhores amanhã, eu disse.
o oceano é uma
cama larga: esta
canção é sobre
sangue sobre
tempo também
nossos corpos
à deriva
vinho e cerveja,
estamos mortos
e jamais morreremos
os ossos dos nossos
dedos batucam a pele
das águas no ritmo
destas gotas de chuva
uma delícia, este vinho
uma delícia, esta cerveja
nossos corpos
à deriva
tiamat nos festeja
cama larga: esta
canção é sobre
sangue sobre
tempo também
nossos corpos
à deriva
vinho e cerveja,
estamos mortos
e jamais morreremos
os ossos dos nossos
dedos batucam a pele
das águas no ritmo
destas gotas de chuva
uma delícia, este vinho
uma delícia, esta cerveja
nossos corpos
à deriva
tiamat nos festeja
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