quarta-feira, 17 de agosto de 2011

eu vi a árvore
cujas raízes mergulham no inferno
e os galhos alcançam o céu

eu li o voo dos pássaros
e o incêndio no véu da ilusão

eu ri do exército de idiotas
batendo boca com o abismo

o tambor é um tigre
mordendo as costelas do tempo

eu vi meu esqueleto atravessar
a membrana verde do espaço

eu li as canções do vento
nas costas da deusa

eu ri da tempestade ancestral
e do caroço da verdade

o tambor é um cavalo sem sede

eu vi a garota ruiva
triturada pela indústria

eu li as tensões e fadigas
nos músculos dos primatas

eu ri do desejo pelo mar
de coisas e coisas e coisas

o tambor é um gafanhoto
roendo a mente

eu vi o dragão lambendo
o corpo nu da cidade

eu li os corações acelerados
da multidão

eu ri dos bípedes trocando
energia vital por cimento e solidão

o tambor é um macaco magnético
perambulando na noite primordial.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

derrubar estrelas
sobre nossa aldeia

descobrir idéias
numa fruta que apodrece

dissolver a imagem
deste ego breve

descascar as sombras
que envolvem a pele

duvidar do sol.
como um corpo
deitando na lama:
cama calma
para a alma em chamas.

como um corvo
desviando da sombra.