relembrando o futuro, nove
garçons comentam sobre
os cães latindo & o anjo
da morte rondando a cidade.
vermes, vírus, vassouras
passeando na cabeça
dos advogados batedores
de prego e suas pragas.
máquina do fluxo, luxo
do corpo em obras, dobras
do coração sideral roncando
entre os motores e as macas.
sábado, 21 de dezembro de 2013
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
domingo, 8 de dezembro de 2013
o tempo também
tem joelhos
doloridos.
telhados verdes
onde deitamos
para compreender
o silêncio da lua.
televisões eternamente
fora do ar, mulheres & ilhas
de perfumes brutais.
espíritos molhados
na saliva das jovens deusas.
curvas e mistérios, tempestades
de sons que invadem a caixa preta
do crânio & seus sonhos mais secretos.
tem joelhos
doloridos.
telhados verdes
onde deitamos
para compreender
o silêncio da lua.
televisões eternamente
fora do ar, mulheres & ilhas
de perfumes brutais.
espíritos molhados
na saliva das jovens deusas.
curvas e mistérios, tempestades
de sons que invadem a caixa preta
do crânio & seus sonhos mais secretos.
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
sábado, 30 de novembro de 2013
papeando com pasolini
descanso todo dia
e à noite perambulo
como um bacurau
catando insetos.
uma sugestão:
santificada seja
a escuridão.
respondo aos olhos
estranhos tranquilamente.
contemplo minha abolição
com a coragem sutil de um sábio.
aparência de raiva, estes são versos
de atenção amorosa e paciente.
jovens e velhos autoritários
são formas da tristeza mais cruel.
outra vez como um pássaro:
tudo vejo, voando.
mente serena, levo no coração
a consciência que amanhece.
e à noite perambulo
como um bacurau
catando insetos.
uma sugestão:
santificada seja
a escuridão.
respondo aos olhos
estranhos tranquilamente.
contemplo minha abolição
com a coragem sutil de um sábio.
aparência de raiva, estes são versos
de atenção amorosa e paciente.
jovens e velhos autoritários
são formas da tristeza mais cruel.
outra vez como um pássaro:
tudo vejo, voando.
mente serena, levo no coração
a consciência que amanhece.
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
domingo, 24 de novembro de 2013
sábado, 23 de novembro de 2013
teatro da música eterna, ouçam
o trabalho das fricções, a cidade
evaporando lamentos e sonhos,
assobios e assobios e assobios.
carcaça e cárcere, cachaça e sol
costurando doidices de pedra
na boca dos macacos.
ruminações, ramas
verdes, apesar.
dança rodopiante,
voz da galáxia
mais distante
do umbigo.
o trabalho das fricções, a cidade
evaporando lamentos e sonhos,
assobios e assobios e assobios.
carcaça e cárcere, cachaça e sol
costurando doidices de pedra
na boca dos macacos.
ruminações, ramas
verdes, apesar.
dança rodopiante,
voz da galáxia
mais distante
do umbigo.
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
sábado, 5 de outubro de 2013
apropriação do relato do pato, da morte e da tulipa
não haverá lago, não haverá ego. subiremos
numa árvore e não desceremos logo.
entre os galhos, entre as folhas ficaremos
e então, iremos para as raízes, decompostos
e recompostos.
luz do sol, energia da lua:
sobre nossa carcaça surgirá
a alma de um dervixe que gira
e antecipa o vermelho da tulipa.
assim é a vida, pensou a morte.
numa árvore e não desceremos logo.
entre os galhos, entre as folhas ficaremos
e então, iremos para as raízes, decompostos
e recompostos.
luz do sol, energia da lua:
sobre nossa carcaça surgirá
a alma de um dervixe que gira
e antecipa o vermelho da tulipa.
assim é a vida, pensou a morte.
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
terça-feira, 24 de setembro de 2013
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
árvores viajam nas profundezas,
raízes sondando os sonhos
da terra, paz aquática
nutrida nas delicadezas.
árvores viajam lentamente
na barriga dos pássaros,
passos firmes no céu imenso,
incenso povoando a mente.
árvores viajam no sangue,
nos guinchos dos saguis,
árvores me começam
e abraçam minhas filhas.
raízes sondando os sonhos
da terra, paz aquática
nutrida nas delicadezas.
árvores viajam lentamente
na barriga dos pássaros,
passos firmes no céu imenso,
incenso povoando a mente.
árvores viajam no sangue,
nos guinchos dos saguis,
árvores me começam
e abraçam minhas filhas.
sábado, 14 de setembro de 2013
com amor amansar
um pedaço de mundo
e nele se instalar.
inundar de sonhos a vida
numa defesa contra a morte
antes da morte, cotidiana.
sorte do louco, sorte:
ouvir muitas águas
correndo, correndo.
cultivo erótico da jornada
rumo ao umbigo do sagrado.
poesia, eco do afeto:
flutuação dos leopardos
atentos às perdas das pérolas.
experiência contínua, garota
nua comendo amoras, amores
salivando sobre as auroras.
um pedaço de mundo
e nele se instalar.
inundar de sonhos a vida
numa defesa contra a morte
antes da morte, cotidiana.
sorte do louco, sorte:
ouvir muitas águas
correndo, correndo.
cultivo erótico da jornada
rumo ao umbigo do sagrado.
poesia, eco do afeto:
flutuação dos leopardos
atentos às perdas das pérolas.
experiência contínua, garota
nua comendo amoras, amores
salivando sobre as auroras.
uma livre adaptação de trecho de black elk (1863 - 1950)
deixe-me ouvir
as lições escondidas
em cada folha e rocha.
eu busco forças
não para ser maior
que meu irmão e irmã
mas para lutar
contra meu maior
inimigo, eu mesmo.
as lições escondidas
em cada folha e rocha.
eu busco forças
não para ser maior
que meu irmão e irmã
mas para lutar
contra meu maior
inimigo, eu mesmo.
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
estudo dos modos de nutrição dos delírios
inspira e respira, maninha,
andando para lá e para cá.
oxigênio e movimento
são levitações.
equilibra a fome de afago
sem apego, exercita o amor
entre as devastações do incêndio
e as águas calmas que excitam as almas.
grita nos ritos das grutas e das ruas,
rodando no samba das sombras.
maninha, tira cochilos na morada divina
e, ao acordar, não acompanhe a caravana
de pessoas tristes, mas cante e ame.
conseguir é seguir, maninha, com raízes
e sonhos na terra entre ervas daninhas:
a felicidade possível é uma benção,
invenção para muitas noites e dias.
delírios são flores, maninha,
no útero azul do futuro.
nossa respiração
salta o muro.
andando para lá e para cá.
oxigênio e movimento
são levitações.
equilibra a fome de afago
sem apego, exercita o amor
entre as devastações do incêndio
e as águas calmas que excitam as almas.
grita nos ritos das grutas e das ruas,
rodando no samba das sombras.
maninha, tira cochilos na morada divina
e, ao acordar, não acompanhe a caravana
de pessoas tristes, mas cante e ame.
conseguir é seguir, maninha, com raízes
e sonhos na terra entre ervas daninhas:
a felicidade possível é uma benção,
invenção para muitas noites e dias.
delírios são flores, maninha,
no útero azul do futuro.
nossa respiração
salta o muro.
menor ideia sobre a dinâmica
da escritura do vento nos ouvidos
e espalhando meus cabelos
menor ideia sobre a distribuição
das plantas e estrelas ao redor
das fogueiras nas praias
menor ideia sobre a noite longa
que se estende nas quedas
dos anjos e das cachoeiras
menor ideia sobre a vertigem
do ego devorando as pernas
das aparições carinhosas
menor ideia sobre a gestação
dos diamantes na língua
perdida do amor
menor ideia sobre a geladeira
que acolhe as lembranças
das cidades solares
menor ideia sobre a cabeça
gigante que o martelo
do tempo acerta
da escritura do vento nos ouvidos
e espalhando meus cabelos
menor ideia sobre a distribuição
das plantas e estrelas ao redor
das fogueiras nas praias
menor ideia sobre a noite longa
que se estende nas quedas
dos anjos e das cachoeiras
menor ideia sobre a vertigem
do ego devorando as pernas
das aparições carinhosas
menor ideia sobre a gestação
dos diamantes na língua
perdida do amor
menor ideia sobre a geladeira
que acolhe as lembranças
das cidades solares
menor ideia sobre a cabeça
gigante que o martelo
do tempo acerta
domingo, 1 de setembro de 2013
conte-me dos horrores,
não recuarei. seguiremos
no barco bêbado da noite
embalados pelas canções
das vespas e dos estômagos.
conte-me dos horrores,
não recuarei. seguiremos
no tapete voador usado
que guardei como vinho
para soluços e festas.
conte-me dos horrores,
não recuarei. seguiremos
no elefante perguntando
ao pó sobre nossos dias
entre cinzas e sonhos.
não recuarei. seguiremos
no barco bêbado da noite
embalados pelas canções
das vespas e dos estômagos.
conte-me dos horrores,
não recuarei. seguiremos
no tapete voador usado
que guardei como vinho
para soluços e festas.
conte-me dos horrores,
não recuarei. seguiremos
no elefante perguntando
ao pó sobre nossos dias
entre cinzas e sonhos.
sábado, 31 de agosto de 2013
o xamã virou um sapo
e continuou batendo papo
sobre a coragem do primeiro pássaro.
amanhã eu vou lá ontem, disse.
eu fiquei tentando ler a fumaça
que subia e dançava sobre sua cabeça.
a fogueira iluminava as pupilas, panteras
mordiam as tristezas e as carregavam para longe.
vi uma estrela sortuda caindo na língua do sapo.
e continuou batendo papo
sobre a coragem do primeiro pássaro.
amanhã eu vou lá ontem, disse.
eu fiquei tentando ler a fumaça
que subia e dançava sobre sua cabeça.
a fogueira iluminava as pupilas, panteras
mordiam as tristezas e as carregavam para longe.
vi uma estrela sortuda caindo na língua do sapo.
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
seja como água, meu amigo,
disse bruce lee sorrindo.
dobrando, esticando, tudo
se move e canta e fica mudo.
seja como água, fluindo,
indo embora toda hora
sem sair do umbigo
do agora.
seja como água, sumindo
no ouro do outro, rindo
das cascas das formas.
seja como água, água
de beber, camarada,
água do banho nu
no rio da madrugada.
seja como água, vazio
é forma, forma é vazio.
seja como água, seja
quente, quente, frio.
disse bruce lee sorrindo.
dobrando, esticando, tudo
se move e canta e fica mudo.
seja como água, fluindo,
indo embora toda hora
sem sair do umbigo
do agora.
seja como água, sumindo
no ouro do outro, rindo
das cascas das formas.
seja como água, água
de beber, camarada,
água do banho nu
no rio da madrugada.
seja como água, vazio
é forma, forma é vazio.
seja como água, seja
quente, quente, frio.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
lembrando beto barbosa
a garota grita, berra
a garota urra, brada
dançando lombrada,
dançando lombrada.
(repete enquanto
houver canto)
a garota urra, brada
dançando lombrada,
dançando lombrada.
(repete enquanto
houver canto)
domingo, 25 de agosto de 2013
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
domingo, 11 de agosto de 2013
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
coragem, meu bem, coragem:
eu sei que a viagem é longa.
te prepara, descansa, alonga.
beijo tuas pernas, faço massagem.
atravessaremos as madrugadas,
viraremos pelo avesso as estradas:
todas as trilhas, sendas, entradas
nos levarão para longe das ciladas.
tenha fé, seguiremos a pé, tenha fé:
há festa e felicidade, aprendizados
dos ritmos, audições do rio, nós rimos.
nadaremos, meu bem: a água educa
nossa cuca cansada, lábios, olhos, almas.
eu sei que a viagem é longa.
te prepara, descansa, alonga.
beijo tuas pernas, faço massagem.
atravessaremos as madrugadas,
viraremos pelo avesso as estradas:
todas as trilhas, sendas, entradas
nos levarão para longe das ciladas.
tenha fé, seguiremos a pé, tenha fé:
há festa e felicidade, aprendizados
dos ritmos, audições do rio, nós rimos.
nadaremos, meu bem: a água educa
nossa cuca cansada, lábios, olhos, almas.
corpos e almas em suspensão
ávidos de vida, entre
idas e vindas, dentes
e danças nos fogos,
madrugadas, línguas
fervendo nossos corpos
(mapas): dois primatas
no cio das matas.
meu frágil calcanhar:
abocanhar teus mamilos.
viro jaguar, vários felinos
na folia das lambidas.
olhos de tigre, trago
teus sussurros e gemidos
para festa dos meus ouvidos.
linda e nua, debaixo da lua
você me alegra, você me alaga
a boca quando louca usa
as mãos agitadas e ternas
para grudar ainda mais
minha cabeça entre as
tuas pernas.
idas e vindas, dentes
e danças nos fogos,
madrugadas, línguas
fervendo nossos corpos
(mapas): dois primatas
no cio das matas.
meu frágil calcanhar:
abocanhar teus mamilos.
viro jaguar, vários felinos
na folia das lambidas.
olhos de tigre, trago
teus sussurros e gemidos
para festa dos meus ouvidos.
linda e nua, debaixo da lua
você me alegra, você me alaga
a boca quando louca usa
as mãos agitadas e ternas
para grudar ainda mais
minha cabeça entre as
tuas pernas.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
o incendiário e as gérberas
elas estão vivas, vermelhas
e quebram as telhas
da cidade cinza.
vai, macaco do fogo sagrado,
incendeia os contratempos
e aprende as gargalhadas
das espantosas gérberas.
desculpa não é olá, bom dia.
use com cautela e aprecie
a noite fria.
sopra um grilo, talvez
sibila, no ouvido:
dizer o que não pensa
para ouvir o que quer
é uma estratégia triste.
alimenta o tigre que existe
em teu peito e paira
acima do juízo.
sorri, sorri bastante,
seja mutante, tonto.
tanto afeto sem teto
comunica com as estrelas.
respire e lembre:
a vida é rio, raio
cruzando o céu
da boca.
nove noites, nove dias.
pele enrugada dos primatas.
autorretrato debaixo d'água:
aprendizado e alegrias.
fluir, fluir sempre no sopro
do espanto. coração chuvoso,
orações: palavras líquidas e magias.
haja em mim o saber do sim,
cheiro de alecrim e renovado encanto.
hoje eu vim de peito aberto
como o rio, esperto para o riso
e para o pranto.
pele enrugada dos primatas.
autorretrato debaixo d'água:
aprendizado e alegrias.
fluir, fluir sempre no sopro
do espanto. coração chuvoso,
orações: palavras líquidas e magias.
haja em mim o saber do sim,
cheiro de alecrim e renovado encanto.
hoje eu vim de peito aberto
como o rio, esperto para o riso
e para o pranto.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
enquanto o barulho da chuva
flutua, enquanto o amor não
cega, enquanto o silêncio é
compreendido, enquanto
anões gritam poemas.
enquanto as frutas adoçam
a boca, enquanto a língua
passeia cometas, enquanto
a fome acelera a vertigem.
enquanto o equilíbrio educa
a alma, enquanto a cuca se
infiltra nos cheiros, enquanto
a vida é sangue e gozo, fôlego.
enquanto o fogo é bicho solto,
enquanto foge uma multidão,
sapatos incendiados, enquanto
os abraços fazem nascer florestas.
terça-feira, 16 de julho de 2013
sexta-feira, 12 de julho de 2013
ogro sapiens
batendo a cabeça contra o tronco
da árvore mais próxima.
papo macaco com cupins,
disputa de gritos, mais braços
que shiva para matar mosquitos.
poucos dentes, muitos doentes.
por vezes, não conhece o que é bom.
quase não esquece de si e se perde
entre o depois, o durante e o antes
e seus desodorantes são da baygon.
da árvore mais próxima.
papo macaco com cupins,
disputa de gritos, mais braços
que shiva para matar mosquitos.
poucos dentes, muitos doentes.
por vezes, não conhece o que é bom.
quase não esquece de si e se perde
entre o depois, o durante e o antes
e seus desodorantes são da baygon.
quinta-feira, 11 de julho de 2013
um banjo
o que você quer?,
ela perguntou.
te ajudar a rir,
a gozar e a ficar
bem, eu disse.
e rimos, gozamos
e ficamos bem.
sem compromisso,
ela comentou. com
improviso, eu combinei.
a noite chegou
e as pernas dela
foram para longe.
e eu, bem, eu
dormi feito um banjo.
ela perguntou.
te ajudar a rir,
a gozar e a ficar
bem, eu disse.
e rimos, gozamos
e ficamos bem.
sem compromisso,
ela comentou. com
improviso, eu combinei.
a noite chegou
e as pernas dela
foram para longe.
e eu, bem, eu
dormi feito um banjo.
aurora
aurora é uma rua,
aurora é uma senhora
que serve café de graça
para os bêbados, pela manhã.
aurora é uma cigana,
aurora é uma coletora
de frutas e raízes e sonhos,
aurora é uma deusa.
aurora é uma arte marcial,
aurora é agora e sempre,
aurora é uma oração.
aurora é uma música,
aurora é uma viagem,
aurora é uma sacanagem
entre o sol e a lua, escuridão
quase pelo avesso, quasar.
aurora é uma passagem
para a origem dos tempos.
aurora é uma senhora
que serve café de graça
para os bêbados, pela manhã.
aurora é uma cigana,
aurora é uma coletora
de frutas e raízes e sonhos,
aurora é uma deusa.
aurora é uma arte marcial,
aurora é agora e sempre,
aurora é uma oração.
aurora é uma música,
aurora é uma viagem,
aurora é uma sacanagem
entre o sol e a lua, escuridão
quase pelo avesso, quasar.
aurora é uma passagem
para a origem dos tempos.
terça-feira, 9 de julho de 2013
rodeados da bem-aventurança do Grande Mistério
não há cadeados para o afeto, a respiração segue
envolvendo a montanha e os ciclos lunares. ergue
os olhos e vê os vultos das plantas professoras,
árvores ensinando em silêncio, cio lento da seiva.
vai, seja a poeira e os pés, pêndulos pendurados
no teto do mundo, oscilando entre o riso e o choro.
mastiga as flores e as raízes, escapa das tocas
do egoísmo: há sabedoria selvagem no encontro.
almas incendiadas se olham longamente, riem
enquanto amanhece, enroscam mãos e pernas,
beijam os pés, as costas, os antebraços, línguas
andam na origem do mundo em seus corpos nus.
águas cristalinas nas retinas, breu da voz na garganta:
gemidos, sussurros, posições das estrelas do fogo.
aurora e abertura da aventura. ciclistas que furam
os bloqueios e fluem por lugares sem nome, sonham.
envolvendo a montanha e os ciclos lunares. ergue
os olhos e vê os vultos das plantas professoras,
árvores ensinando em silêncio, cio lento da seiva.
vai, seja a poeira e os pés, pêndulos pendurados
no teto do mundo, oscilando entre o riso e o choro.
mastiga as flores e as raízes, escapa das tocas
do egoísmo: há sabedoria selvagem no encontro.
almas incendiadas se olham longamente, riem
enquanto amanhece, enroscam mãos e pernas,
beijam os pés, as costas, os antebraços, línguas
andam na origem do mundo em seus corpos nus.
águas cristalinas nas retinas, breu da voz na garganta:
gemidos, sussurros, posições das estrelas do fogo.
aurora e abertura da aventura. ciclistas que furam
os bloqueios e fluem por lugares sem nome, sonham.
respiro e canto
saudação da chuva sobre meus cabelos:
eu respiro e canto a divindade interior
e respiro e canto as divindades na teia do planeta.
sol e lua, leões comendo as papoulas da primavera.
o cansaço não estará nos esperando após o despertar.
a manhã é uma benção e as estrelas são buracos
no chão do paraíso, pássaros que nos carregam no ar.
alegria rodopiante de milhões de crianças, krishna
tocando flauta madrugada adentro: cavalgaremos
os tigres envolvidos nas potências da energia criativa.
segunda-feira, 8 de julho de 2013
bilhete estelar do iogue
senso de humor
deliciosamente tolo
vale bem mais que ouro,
eu sei e sinto e sigo.
foi um iogue
que me disse,
catando um bilhete
nas estrelas:
o riso não envelhece,
tolices são preces
infantis e loucas
e bêbadas.
absurdo, poeira
no umbigo: dentes
de orelha a orelha
tirando as telhas
da razão. velhas
rindo na tempestade
sem nenhuma saudade
do ego, do abrigo.
deliciosamente tolo
vale bem mais que ouro,
eu sei e sinto e sigo.
foi um iogue
que me disse,
catando um bilhete
nas estrelas:
o riso não envelhece,
tolices são preces
infantis e loucas
e bêbadas.
absurdo, poeira
no umbigo: dentes
de orelha a orelha
tirando as telhas
da razão. velhas
rindo na tempestade
sem nenhuma saudade
do ego, do abrigo.
domingo, 7 de julho de 2013
leão na lua
há um leão na lua,
vejo a olho nu.
caminha lentamente
como se soubesse
para onde vai, mas
não sabe.
urra para não errar.
o dia e seu sangue
amanhecem.
bebe água no rio,
sim, existe água na lua.
tem medo, mas desde cedo
sabe que o medo é um inseto
que faz barulho voando perto
dos ouvidos, mas não sabe nadar.
então, o leão mergulha na água.
vejo a olho nu.
caminha lentamente
como se soubesse
para onde vai, mas
não sabe.
urra para não errar.
o dia e seu sangue
amanhecem.
bebe água no rio,
sim, existe água na lua.
tem medo, mas desde cedo
sabe que o medo é um inseto
que faz barulho voando perto
dos ouvidos, mas não sabe nadar.
então, o leão mergulha na água.
quinta-feira, 4 de julho de 2013
ferver
ferver, forever,
sem frivolidades.
rodopiar para longe
dos mapas das cidades.
queimar calcinhas e cuecas,
queimar, decididamente, as cucas.
subir as montanhas, dedicar
nove canções para as manhas
da natação dos jacarés, os pés
batendo no chão fazendo tremer
os mundos vermelhos de todo coração.
sem frivolidades.
rodopiar para longe
dos mapas das cidades.
queimar calcinhas e cuecas,
queimar, decididamente, as cucas.
subir as montanhas, dedicar
nove canções para as manhas
da natação dos jacarés, os pés
batendo no chão fazendo tremer
os mundos vermelhos de todo coração.
quarta-feira, 3 de julho de 2013
lua no céu da manhã
chove e eu
sou um lobo.
estou vivo
e uivo.
a água
sabe todos
os meus segredos
e o sorriso que vejo
é a lua no céu da manhã.
sou um lobo.
estou vivo
e uivo.
a água
sabe todos
os meus segredos
e o sorriso que vejo
é a lua no céu da manhã.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
em silêncio, como
se fôssemos desconhecidos.
mas, então, a voz dela
em meus ouvidos:
tudo bom?
tudo bem, eu disse.
mas queria contar
uma piada para
que ela risse
e assim eu visse
o sorriso dela.
(sutil detalhe que a deixa
ainda mais bela)
em silêncio, novamente.
mundo estranho, animais
enterrados nos umbigos.
há vários futuros, possíveis,
de muitos tamanhos, artimanhas,
diversas manhãs. num amanhecer
ela sorri e está junto de mim.
noutros sequer há retratos.
apenas os tragos num quarto
escuro, cheirando a vinho:
o que não voa no ninho.
se fôssemos desconhecidos.
mas, então, a voz dela
em meus ouvidos:
tudo bom?
tudo bem, eu disse.
mas queria contar
uma piada para
que ela risse
e assim eu visse
o sorriso dela.
(sutil detalhe que a deixa
ainda mais bela)
em silêncio, novamente.
mundo estranho, animais
enterrados nos umbigos.
há vários futuros, possíveis,
de muitos tamanhos, artimanhas,
diversas manhãs. num amanhecer
ela sorri e está junto de mim.
noutros sequer há retratos.
apenas os tragos num quarto
escuro, cheirando a vinho:
o que não voa no ninho.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
terça-feira, 25 de junho de 2013
Senhora das Coisas Selvagens
nove horas mascando raízes e folhas
e ouvindo a sabedoria dos fungos.
inspiração? uns vapores que sobem
pelas narinas quando mastigamos
alguns cogumelos.
dançando ao redor da fogueira a noite
inteira, antenas do espaço vibrando nos
músculos, mentes surfando no cinema
do Templo das Mães Ácidas.
curiosas corujas sobre os ombros,
mugidos das vacas e didgeridoos,
sombras que sobem até os céus
e se enfiam como sementes na terra.
alfabeto das árvores, multidão de vozes
nas vizinhanças dos grunhidos e urros.
beleza do êxtase azul que se espalha
no chão das almas cobertas de papoulas.
e ouvindo a sabedoria dos fungos.
inspiração? uns vapores que sobem
pelas narinas quando mastigamos
alguns cogumelos.
dançando ao redor da fogueira a noite
inteira, antenas do espaço vibrando nos
músculos, mentes surfando no cinema
do Templo das Mães Ácidas.
curiosas corujas sobre os ombros,
mugidos das vacas e didgeridoos,
sombras que sobem até os céus
e se enfiam como sementes na terra.
alfabeto das árvores, multidão de vozes
nas vizinhanças dos grunhidos e urros.
beleza do êxtase azul que se espalha
no chão das almas cobertas de papoulas.
segunda-feira, 24 de junho de 2013
domingo, 23 de junho de 2013
sábado, 22 de junho de 2013
nunca vi um corvo, nunca.
pernas inventam caminhos,
as curvas. os braços não
descansam, cavam covas.
cibele, deusa-leoa, toca
harpa e alimenta harpias:
música da urgência das orgias.
gregor samsa ainda sonha
com birutas indicando
passeios dos quatro ventos.
tigelas dos monges mendicantes
cheias de arroz e silêncio.
há um sofá, perto da árvore.
em noite de lua, milarepa
esquece a vingança e lança
canções no ar para as formigas.
pela manhã, de três sendas,
uma é certa: o profeta
amanheceu morto, louco
ou se tornou poeta.
pernas inventam caminhos,
as curvas. os braços não
descansam, cavam covas.
cibele, deusa-leoa, toca
harpa e alimenta harpias:
música da urgência das orgias.
gregor samsa ainda sonha
com birutas indicando
passeios dos quatro ventos.
tigelas dos monges mendicantes
cheias de arroz e silêncio.
há um sofá, perto da árvore.
em noite de lua, milarepa
esquece a vingança e lança
canções no ar para as formigas.
pela manhã, de três sendas,
uma é certa: o profeta
amanheceu morto, louco
ou se tornou poeta.
varrendo a vizinhança das estrelas mais próximas
balão é o nome do peixe, peixe é o nome da gata,
gata é o nome do vento, vento é o nome do cavalo,
cavalo é o nome da luta, luta é o nome do sonho,
sonho é o nome do corpo, corpo é o nome da criação,
criação é o nome da vaca, vaca é o nome do sítio,
sítio é o nome da manhã, manhã é o nome do pássaro,
pássaro é o nome do besouro, besouro é o nome do mel,
mel é o nome da música, música é o nome da alma,
alma é o nome da fome, fome é o nome do delírio,
delírio é o nome do ônibus, ônibus é o nome do começo,
começo é o nome do dia, dia é o nome da memória,
memória é o nome da loucura, loucura é o nome da dança,
dança é o nome da fé, fé é o nome do estômago,
estômago é o nome da rã, rã é o nome do silêncio,
silêncio é o nome da noite, noite é o nome da mudança,
mudança é o nome do sal, sal é o nome do bilhete,
bilhete é o nome do vinagre, vinagre é o nome do céu,
céu é o nome da invenção, invenção é o nome do osso,
osso é o nome do macaco, macaco é o nome do amor,
amor é o nome da rua, rua é o nome do universo,
universo é o nome da cozinha, cozinha é o nome da canção,
canção é o nome da liberdade, liberdade é o nome da puta,
puta é o nome do agricultor, agricultor é o nome do chão,
chão é o nome da cidade, cidade é o nome do gari,
gari é o nome do movimento, movimento é o nome do presente,
presente é o nome do balão, balão é o nome do peixe, peixe,
peixe, peixe, gata, gata, gata e todo o lixo espalhado agora
dentro do caminhão verde que mastiga, mastiga, mastiga
rumina, rumina e transforma num chorume cósmico
todos os nomes que a vassoura alcança enquanto.
gata é o nome do vento, vento é o nome do cavalo,
cavalo é o nome da luta, luta é o nome do sonho,
sonho é o nome do corpo, corpo é o nome da criação,
criação é o nome da vaca, vaca é o nome do sítio,
sítio é o nome da manhã, manhã é o nome do pássaro,
pássaro é o nome do besouro, besouro é o nome do mel,
mel é o nome da música, música é o nome da alma,
alma é o nome da fome, fome é o nome do delírio,
delírio é o nome do ônibus, ônibus é o nome do começo,
começo é o nome do dia, dia é o nome da memória,
memória é o nome da loucura, loucura é o nome da dança,
dança é o nome da fé, fé é o nome do estômago,
estômago é o nome da rã, rã é o nome do silêncio,
silêncio é o nome da noite, noite é o nome da mudança,
mudança é o nome do sal, sal é o nome do bilhete,
bilhete é o nome do vinagre, vinagre é o nome do céu,
céu é o nome da invenção, invenção é o nome do osso,
osso é o nome do macaco, macaco é o nome do amor,
amor é o nome da rua, rua é o nome do universo,
universo é o nome da cozinha, cozinha é o nome da canção,
canção é o nome da liberdade, liberdade é o nome da puta,
puta é o nome do agricultor, agricultor é o nome do chão,
chão é o nome da cidade, cidade é o nome do gari,
gari é o nome do movimento, movimento é o nome do presente,
presente é o nome do balão, balão é o nome do peixe, peixe,
peixe, peixe, gata, gata, gata e todo o lixo espalhado agora
dentro do caminhão verde que mastiga, mastiga, mastiga
rumina, rumina e transforma num chorume cósmico
todos os nomes que a vassoura alcança enquanto.
medita, macaco, medita
e pratica o primeiro amor.
se algum idiota te irrita
pratica o nonsense, humor.
medita, macaco, medita
mergulha no olho da flor.
anda por aí pelado e evita
o orgulho, avareza, rancor.
medita, macaco, medita
na mordida, disco voador.
ferve teu sangue e acredita
no afeto, no afago aonde for.
e pratica o primeiro amor.
se algum idiota te irrita
pratica o nonsense, humor.
medita, macaco, medita
mergulha no olho da flor.
anda por aí pelado e evita
o orgulho, avareza, rancor.
medita, macaco, medita
na mordida, disco voador.
ferve teu sangue e acredita
no afeto, no afago aonde for.
sexta-feira, 7 de junho de 2013
rasgar, romper, ferir
as ideias confortáveis.
pensamentos ao ar livre,
balbucios, gagueiras, gritos.
poema feito a partir do sangue
que segue a gravidade e corre
do joelho para o chão, como chuva
que se joga dos joelhos celestes.
sensações carregadas, ações
escorregadias sobre o lodo
que se acumula debaixo dos
pés de nossos hábitos diurnos:
a flor de lótus nascerá.
um coice do poema no peito
desavisado e o mundo será
menos inocente e o leitor
hipócrita, quem sabe,
deixará de ser um futuro
carrasco da humanidade.
as ideias confortáveis.
pensamentos ao ar livre,
balbucios, gagueiras, gritos.
poema feito a partir do sangue
que segue a gravidade e corre
do joelho para o chão, como chuva
que se joga dos joelhos celestes.
sensações carregadas, ações
escorregadias sobre o lodo
que se acumula debaixo dos
pés de nossos hábitos diurnos:
a flor de lótus nascerá.
um coice do poema no peito
desavisado e o mundo será
menos inocente e o leitor
hipócrita, quem sabe,
deixará de ser um futuro
carrasco da humanidade.
podem me deixar naquele asteroide
enquanto o vento sopra as vacas
numa tarde molenga, enquanto
me invade um desejo repentino
e imprescindível de uivar e ouvir
as frutas tagarelando sobre a morte.
podem me deixar naquele vulcão
enquanto os cigarros estão acesos
nos bicos dos pássaros, enquanto
me informo sobre a última corrida
dos unicórnios e os vinhos baratos
colorem as cuspidas dos profetas.
podem me deixar naquele abrigo
nuclear revestido pelas carapaças
das baratas, enquanto as formigas
me trazem jornais com tirinhas do
laerte, bagos de uva verde, enquanto
observo um robô mágico e barbudo
derrubando grades de cerveja no espaço.
enquanto o vento sopra as vacas
numa tarde molenga, enquanto
me invade um desejo repentino
e imprescindível de uivar e ouvir
as frutas tagarelando sobre a morte.
podem me deixar naquele vulcão
enquanto os cigarros estão acesos
nos bicos dos pássaros, enquanto
me informo sobre a última corrida
dos unicórnios e os vinhos baratos
colorem as cuspidas dos profetas.
podem me deixar naquele abrigo
nuclear revestido pelas carapaças
das baratas, enquanto as formigas
me trazem jornais com tirinhas do
laerte, bagos de uva verde, enquanto
observo um robô mágico e barbudo
derrubando grades de cerveja no espaço.
quase miro no breu
ah, como tenho saudade
das lambidas da aurora.
os átomos das lembranças
provocam choques agora.
à sombra, num tapete no quintal,
eu a chupava e chupava manga,
ela chupava e lambia meu pau.
língua de sabedoria selvagem
e sensível, fazia malabares
com o imprevisível. dos pés
à nuca, nunca esqueceu:
mensagens elétricas,
massagens secretas,
histórias eróticas.
sempre perdíamos a hora
do trabalho, enquanto ela
cavalgava em meu caralho.
gostávamos da luz da lua.
eu pelado, ela nua,
dois espíritos animais
inundados por ancestrais.
gastávamos as fibras do dia.
eu urrava, ela ria,
dois incêndios cósmicos
narrados por mímicos.
ah, como tenho saudade
das lambidas da aurora.
entre a multidão e a maldade
o cheiro de manga me devora.
das lambidas da aurora.
os átomos das lembranças
provocam choques agora.
à sombra, num tapete no quintal,
eu a chupava e chupava manga,
ela chupava e lambia meu pau.
língua de sabedoria selvagem
e sensível, fazia malabares
com o imprevisível. dos pés
à nuca, nunca esqueceu:
mensagens elétricas,
massagens secretas,
histórias eróticas.
sempre perdíamos a hora
do trabalho, enquanto ela
cavalgava em meu caralho.
gostávamos da luz da lua.
eu pelado, ela nua,
dois espíritos animais
inundados por ancestrais.
gastávamos as fibras do dia.
eu urrava, ela ria,
dois incêndios cósmicos
narrados por mímicos.
ah, como tenho saudade
das lambidas da aurora.
entre a multidão e a maldade
o cheiro de manga me devora.
quarta-feira, 5 de junho de 2013
poema sem título a partir de conversa com Lizandra Santos
o amor é grão, poeira,
cisco nos olhos, madeira
pegando fogo onde crianças
acendem as bombas de são joão.
vou fazer um barulho fantasma,
assustar o amor pelos ares
e torcer por outras eras
em que o amor viva
mais que aos pares.
cisco nos olhos, madeira
pegando fogo onde crianças
acendem as bombas de são joão.
vou fazer um barulho fantasma,
assustar o amor pelos ares
e torcer por outras eras
em que o amor viva
mais que aos pares.
terça-feira, 4 de junho de 2013
furacões passeando pelo ferro-velho,
rinocerontes bêbados de vinho tinto,
diamantes largados nas calçadas
por dias e dias e dias até serem
varridos pela chuva para o esgoto.
os filhos do ciclope bebendo chope
na esquina do jardim das delícias.
pianos, sanfonas, águias velozes
rompendo as couraças e as barrigas
das cidades fantasmas do amor.
uma guitarra na fogueira, moedas
voando, mancos pedindo cigarro
para todos os faróis dos carros.
sangue das vacas nas ruas de lama,
pombos pensativos, vitrolas vazias
do velho e gordo sol, sombras das
potências escondidas no grão, no
grou, no guru com gengivas azuis.
rinocerontes bêbados de vinho tinto,
diamantes largados nas calçadas
por dias e dias e dias até serem
varridos pela chuva para o esgoto.
os filhos do ciclope bebendo chope
na esquina do jardim das delícias.
pianos, sanfonas, águias velozes
rompendo as couraças e as barrigas
das cidades fantasmas do amor.
uma guitarra na fogueira, moedas
voando, mancos pedindo cigarro
para todos os faróis dos carros.
sangue das vacas nas ruas de lama,
pombos pensativos, vitrolas vazias
do velho e gordo sol, sombras das
potências escondidas no grão, no
grou, no guru com gengivas azuis.
a eternidade é um longo cochilo,
papo de zappa com isaías,
corações dos tigres
devorados pelas
papoulas.
a eternidade é um longo cochilo,
disfarce do lobo trapaceiro,
nenhum nervosismo
dos amantes
no frio.
a eternidade é um longo cochilo,
acaso feliz & ajuda mútua,
moitas para as orgias
dos primatas
surpresos.
a eternidade é um longo cochilo,
húmus das árvores lunares,
massagem e respiração
aliviada no banho
com as águas
quentes.
papo de zappa com isaías,
corações dos tigres
devorados pelas
papoulas.
a eternidade é um longo cochilo,
disfarce do lobo trapaceiro,
nenhum nervosismo
dos amantes
no frio.
a eternidade é um longo cochilo,
acaso feliz & ajuda mútua,
moitas para as orgias
dos primatas
surpresos.
a eternidade é um longo cochilo,
húmus das árvores lunares,
massagem e respiração
aliviada no banho
com as águas
quentes.
mel & gafanhotos na noite deserta
e assim foi, disse.
eu vi, ouvi, revirei
os ossos entre as
cinzas da fogueira.
nove dias com a febre,
nove noites com a lebre.
a velha e o corvo, água
correndo, curva do rio.
eu vi, ouvi, revivi o fogo
enterrado no ventre do
animal de sangue quente.
mãe de mistérios, terra
da colheita do amor, nus
os olhos do vento, asas.
apesar de casado com
a filha caçula do sol,
pesava na barriga
uma lua pequenina.
a árvore não morre,
o urro do coiote é azul.
e assim foi, disse.
e voltou a nascer.
eu vi, ouvi, revirei
os ossos entre as
cinzas da fogueira.
nove dias com a febre,
nove noites com a lebre.
a velha e o corvo, água
correndo, curva do rio.
eu vi, ouvi, revivi o fogo
enterrado no ventre do
animal de sangue quente.
mãe de mistérios, terra
da colheita do amor, nus
os olhos do vento, asas.
apesar de casado com
a filha caçula do sol,
pesava na barriga
uma lua pequenina.
a árvore não morre,
o urro do coiote é azul.
e assim foi, disse.
e voltou a nascer.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
equívocos maravilhosos
a tarde de marduk
com o leopardo.
a passagem de volta
da mão de kishar.
a audácia de javalis
com a cachaça.
a leitura do tao
da mímica.
com o leopardo.
a passagem de volta
da mão de kishar.
a audácia de javalis
com a cachaça.
a leitura do tao
da mímica.
ridendo castigat mores
ah, coração, que engano.
não me diga que nada
arrebenta a hipocrisia
e o aço.
pois minha irmãzinha sorri,
sem briga, sem embaraço.
apronta as tintas e tonta
diz: palhaço.
não me diga que nada
arrebenta a hipocrisia
e o aço.
pois minha irmãzinha sorri,
sem briga, sem embaraço.
apronta as tintas e tonta
diz: palhaço.
quinta-feira, 30 de maio de 2013
explosão nas trevas
clarão de afetos sábios,
grandes e pequenos lábios:
com mamífera no chão de casa.
brasa donde bebo, longo amor
que sinto. não nos falta pernas,
almas, tonéis de vinho tinto.
grandes e pequenos lábios:
com mamífera no chão de casa.
brasa donde bebo, longo amor
que sinto. não nos falta pernas,
almas, tonéis de vinho tinto.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
terça-feira, 21 de maio de 2013
os poemas de daniil kharms
quebraram a vidraça.
o poeta, com razão louca
e coração banguelo, soprou
orações para as hienas.
stalin & seu bigode
jogaram o poeta na prisão.
o bigode faminto de stalin,
ensopado de sangue, devorou
o poeta até a carcaça,
mas nunca encontrou
os sonhos e devaneios
que hoje dão passeios
pelos ares de moscou
e que as moscas,
como se bêbadas
de cachaça, fazendo
arruaça e com piruetas,
espalharam pelos planetas.
quebraram a vidraça.
o poeta, com razão louca
e coração banguelo, soprou
orações para as hienas.
stalin & seu bigode
jogaram o poeta na prisão.
o bigode faminto de stalin,
ensopado de sangue, devorou
o poeta até a carcaça,
mas nunca encontrou
os sonhos e devaneios
que hoje dão passeios
pelos ares de moscou
e que as moscas,
como se bêbadas
de cachaça, fazendo
arruaça e com piruetas,
espalharam pelos planetas.
ray charles chaplin
cego e mudo,
louco. pouco
a pouco, tudo
inundo, como
vagabundo
amoroso,
fervoroso
com música,
gesto, gozo.
louco. pouco
a pouco, tudo
inundo, como
vagabundo
amoroso,
fervoroso
com música,
gesto, gozo.
domingo, 19 de maio de 2013
o instante existe.
por que eu canto?
sou alegre, sou triste:
um pateta.
tenho febre, fobias,
não tenho neta.
alice me disse
para esquecer das palavras.
falou também da folia
e logo ficou muda, ficou
louca e beijou minha boca.
estive quieto, estive
agitado, alma vermelha
feito brasa.
alice com os olhos
me disse:
o silêncio é um colchão
no telhado de casa.
o instante gira
qual dervixe extasiado.
não conhece futuro, passado.
apenas inspira, respira.
não rumina o antes,
não mastiga o depois.
não dá nome aos bois,
nem relembra cervantes.
o instante grita, se agita
no peito, ilumina qualquer gruta.
o instante é uma fruta
que comemos com respeito,
sem medo.
o instante é um presente,
uma dádiva, um vagalume
que se enche de luz e escurece.
vê se não esquece:
o instante é mutante.
o lavador de pratos
nunca o vi trabalhar
sem assobios.
ria praticamente
de qualquer coisa,
principalmente
de pratos que caíam.
tinha medo de trovão,
não temia nenhum patrão.
sempre sincero
como sabão e água.
estava juntando
duzentos reais
para uma passagem
para o maranhão.
ontem me disse,
ouvi a história mudo:
gastou tudo com chocolates,
queijos e vinhos. foram nove
horas com a loira vizinha
que nada sabia de cozinha.
estranhas entranhas do acaso
uma pedra, uma hidra
um casulo, um casaco.
a flor, o cavalo, asas.
serpentes, pontes, pinturas.
um centauro, um sentinela
uma floresta, uma sombra.
um samba, um jambo
um mambo, uma manga.
monges, ninjas, poetas,
profetas, ciclistas, iogues.
bilhetes da deusa e do mendigo
no umbigo do ocaso.
hastes das ervas, desenhos
nas trevas das cavernas.
mandíbulas das nebulosas,
nuvens, insetos, patos, potes
de ouro perdidos nas íris
das multidões solitárias
e silenciosas.
amor & água
a dor ensina
um macaco cabeçudo.
o punho cerrado do cosmo
guarda um bom cascudo.
fiquei mudo, tive medo
de partir cedo
pela estrada de estrelas.
hoje rio, rio, rio.
o coração bate, late.
é um iate navegando
no sangue e no fogo.
riso franco, pupila amena,
aquele esquema:
não há problema
gigante no universo
se há peito aberto,
sem mágoa:
tudo flui,
pra lá e pra cá,
amor & água.
prosa do umbigo (16h20)
essa febre, essa febre.
garganta inflamada.
sou teimoso, nervoso.
minha mãe com enxaqueca,
segui com ela, febril, para
a emergência. depois foi
minha vez. a médica
nem me olhou no olhos.
um xamã chora pela falta
de sensibilidade e afeto.
em casa, à noite, suor frio,
peso, dor, sufoco, agonia no peito.
falo sinceramente com krsna que dança,
jesus sorridente, buda da compaixão.
sempre tive medo de meu coração.
acordo bem, até vomitar, ficar pálido,
lavado de uma cachoeira terrível e triste
de meu próprio corpo dolorido, aviso.
com braços dormentes, eletrocardiograma
esquisito, enzima cardíaca cem vezes além
do que convém, choro, medo, oração feita
na hora pela melhora do corpo e d'alma:
"cuida de mim, mamãe terra.
cuida de mim, papai sol.
beijem meu rosto calmamente.
perfuma minha mente, girassol."
eu de pé, com fé, fazendo piada
sobre alienígenas e mistérios da ciência,
estava ali, infartado. meu espanto,
espanto dos médicos com seus olhos
assustados para o sujeito risonho
dizendo que jogaria futebol
e daria cambalhota.
cateterismo feito, chegou a vez
da mente descansar dos saltos
do peito, a mente feito vespa
assustada, mãos agarradas
nas mãos de minha mãe amada.
apredizado da paciência, foi
preciso aguardar o ecocardiograma.
um dia, dois, três, o medo, quatro, cinco.
o silêncio, o conforto materno, o silêncio,
o mantra repetido baixinho, um ninho
de passarinho azul batendo, batendo, batendo.
gel no peito, sala fria, pessoas quentes
e bondosas. desta vez, médicos e enfermeiras
parentes de pajés e xamãs: me olhavam
nos olhos, sabiam meu nome, construiam
pontes de energia de compaixão, torcida,
fé, almas caridosas trabalhando muito além
dos níqueis do cassino. eu, coração ameno
desde menino, novamente menino, misturando
medo e esperança, querendo escrever e cantar,
dançar na chuva feito criança novamente nascida.
vi meu coração em preto & branco,
como um bebê no ventre da mãe.
forte, movimentado como um oceano
cheio de doce ímpeto, perto do esperto
cenário da energia bondosa, vida nova.
o tempo inteiro, a cabeça atenta, ativa.
não foi gordura, sendentarismo, ou qualquer
coisa parecida. a cannabis sativa me levou
pra muitas viagens, mas desta vez foi uma
passagem para uma morte ritual: infarto.
este foi meu novo parto, novo nascimento.
pensamento voando no firmamente, singrando
por nove céus, descendo fundo nas raízes das árvores.
infarto, parto, passagem, ritual.
uma viagem em que fui e voltei.
para andar no caminho do bem,
para ficar zen, para sorrir e chorar
para corar e pintar o mundo com
piadas e poemas, sem receio de problemas.
tudo é grão, tudo é grão. somos um.
eu continuo por aqui, comendo cajá,
acerola, carambola, jambo, caqui.
no sangue da terra viva, me movo.
meu sangue se mistura ao cosmos.
nasci de novo, agora.
definitivamente um macaco
doido e feliz movido
por amor & água.
gratidão, gratidão.
♥
segunda-feira, 29 de abril de 2013
magnetismo animal
palavras, palavras, palavras.
que eu fuja deste mar e o ar
se tornará mais leve, breve
instante antes da subida.
giramos pela noite com o fogo
roendo nossos calcanhares.
há uma ponte cuja aparição depende
do silêncio e do cio e se estende numa
terra sem perguntas, sem respostas,
amparada nas costas de uma imensa
tartaruga erótica.
confusão sexual & estômago, cabelos
bagunçados pelo vento e pelo tempo.
estar perto, dentro da polpa da fruta,
boca aberta como gruta de aventuras.
afasia, respiração ofegante, nervosa.
a dança que a loba inventa e invade
as florestas mais verdes, conexões
e notícias do pensamento alagado
do sangue doce da tempestade.
olhar sincero, vísceras e vícios
na ponta da língua, deserto
donde surgem as sementes
que germinam dentro
de nossos umbigos.
que eu fuja deste mar e o ar
se tornará mais leve, breve
instante antes da subida.
giramos pela noite com o fogo
roendo nossos calcanhares.
há uma ponte cuja aparição depende
do silêncio e do cio e se estende numa
terra sem perguntas, sem respostas,
amparada nas costas de uma imensa
tartaruga erótica.
confusão sexual & estômago, cabelos
bagunçados pelo vento e pelo tempo.
estar perto, dentro da polpa da fruta,
boca aberta como gruta de aventuras.
afasia, respiração ofegante, nervosa.
a dança que a loba inventa e invade
as florestas mais verdes, conexões
e notícias do pensamento alagado
do sangue doce da tempestade.
olhar sincero, vísceras e vícios
na ponta da língua, deserto
donde surgem as sementes
que germinam dentro
de nossos umbigos.
equilíbrio
empilhando pedras
no coração, soprando
plantas na noite nua,
lembrando da lua
ao alcance da mão.
no coração, soprando
plantas na noite nua,
lembrando da lua
ao alcance da mão.
quinta-feira, 25 de abril de 2013
terça-feira, 16 de abril de 2013
abandonar a tosse
e as repetições acrobáticas
de ideias estacionadas.
um caminhão de mudanças
leva para o cemitério as roupas
dos ossos, caixas abarrotadas
com as cinzas dos livros
escritos com sangue.
garras dos carcarás carregando
a escuridão pelo ar, energia
da planta com raízes nos
cérebros dos macacos.
e as repetições acrobáticas
de ideias estacionadas.
um caminhão de mudanças
leva para o cemitério as roupas
dos ossos, caixas abarrotadas
com as cinzas dos livros
escritos com sangue.
garras dos carcarás carregando
a escuridão pelo ar, energia
da planta com raízes nos
cérebros dos macacos.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
biografia de minha neta imaginária
aprendeu logo cedo
a entender o que o açude diz.
o nariz fareja a mais longínqua cereja.
desde nascença sabe a diferença entre o silêncio
e o silêncio. tem muitas cicatrizes, mas nenhum traço
de rancor, raiva, ânsia. descansa a cabeça sobre um
travesseiro de hortênsias. também é míope, não mente,
mastiga lentamente frutas e folhas. traduz os trovões
para um sabiá, caminha ao léu, segue para o céu a pé,
com fé e chá.
a entender o que o açude diz.
o nariz fareja a mais longínqua cereja.
desde nascença sabe a diferença entre o silêncio
e o silêncio. tem muitas cicatrizes, mas nenhum traço
de rancor, raiva, ânsia. descansa a cabeça sobre um
travesseiro de hortênsias. também é míope, não mente,
mastiga lentamente frutas e folhas. traduz os trovões
para um sabiá, caminha ao léu, segue para o céu a pé,
com fé e chá.
sábado, 30 de março de 2013
sexta-feira, 22 de março de 2013
quadrilha, outra vez
joe amava tirésias que amava ramona
que amava marion que amava juquinha que amava lulu
que não amava ninguém.
joe foi para as ilhas salomão, tirésias para o cassino,
ramona nasceu de novo, marion virou paraquedista,
juquinha ficou em silêncio e lulu casou com Z. Pedro Franco
que não tinha entrado na histeria.
que amava marion que amava juquinha que amava lulu
que não amava ninguém.
joe foi para as ilhas salomão, tirésias para o cassino,
ramona nasceu de novo, marion virou paraquedista,
juquinha ficou em silêncio e lulu casou com Z. Pedro Franco
que não tinha entrado na histeria.
mudar os planos & os pulmões,
a acerola nos lábios e os sábios
conselhos do rio, o pio da noite
assobiando entre os seios das
açucenas, as pequenas auroras
nas horas mais improváveis,
as possíveis dobras do tempo,
as canções de ninar o vento,
visões do vazio & sublime
acordeão aceso nas asas
do fogo, sombras dos raios,
corações & sementes de tocaia.
a acerola nos lábios e os sábios
conselhos do rio, o pio da noite
assobiando entre os seios das
açucenas, as pequenas auroras
nas horas mais improváveis,
as possíveis dobras do tempo,
as canções de ninar o vento,
visões do vazio & sublime
acordeão aceso nas asas
do fogo, sombras dos raios,
corações & sementes de tocaia.
terça-feira, 19 de março de 2013
estamos nus & perdemos dentes,
alguns pássaros pousam nos ombros.
muitas águas correm no peito, tempestade
de coices dos cavalos, imaginação das harpias.
a grama permanece verde, espírito
da mulher que ri com o canto da formiga.
atenção & tesão & o macaco que mergulha
no tanque de suco de laranja aos pés da montanha.
idiotas batendo boca contra os lírios, levitação
do rinoceronte que engole a cabana, cobertura
de chocolate no olho da feiticeira, cabeleira
do mágico subindo entre árvores até o céu.
alguns pássaros pousam nos ombros.
muitas águas correm no peito, tempestade
de coices dos cavalos, imaginação das harpias.
a grama permanece verde, espírito
da mulher que ri com o canto da formiga.
atenção & tesão & o macaco que mergulha
no tanque de suco de laranja aos pés da montanha.
idiotas batendo boca contra os lírios, levitação
do rinoceronte que engole a cabana, cobertura
de chocolate no olho da feiticeira, cabeleira
do mágico subindo entre árvores até o céu.
anicca & ananda
nada me falta pois nada quero,
as mãos em concha para beber.
ossos jogados das mesas, tigelas
e colheradas de bem-aventurança.
cloro da piscina e gene da máquina
incompreendidos entre os borrões
da aurora, melodia da água correndo
feito égua selvagem no cio, no bordel
(do tempo).
boas notícias e ambulâncias a quarenta
milhas do sol, grão do ego empoeirando
a superfície do espelho da mente vazia,
peles e estilhaços do êxtase das papoulas.
nada me falta pois nada quero,
as mãos em concha para beber.
ossos jogados das mesas, tigelas
e colheradas de bem-aventurança.
cloro da piscina e gene da máquina
incompreendidos entre os borrões
da aurora, melodia da água correndo
feito égua selvagem no cio, no bordel
(do tempo).
boas notícias e ambulâncias a quarenta
milhas do sol, grão do ego empoeirando
a superfície do espelho da mente vazia,
peles e estilhaços do êxtase das papoulas.
improviso sujeito a escoriações
paciência & percepção tática,
mandíbula treinada no ártico,
alma curiosa do pássaro
atento ao ataque cardíaco,
bebendo um gole de absinto
com um personagem da ilíada.
delírio aquecido & acentuado
pelo jejum, confiança na onça.
mágico com saudade da aurora
e das araras, pedaços da noite
negra grudados nas gengivas,
danças de fogo & sombra.
paciência & percepção tática,
mandíbula treinada no ártico,
alma curiosa do pássaro
atento ao ataque cardíaco,
bebendo um gole de absinto
com um personagem da ilíada.
delírio aquecido & acentuado
pelo jejum, confiança na onça.
mágico com saudade da aurora
e das araras, pedaços da noite
negra grudados nas gengivas,
danças de fogo & sombra.
segunda-feira, 11 de março de 2013
ataraxia
hibernar na barriga da égua,
sem medo. jonas trouxe baralho
e passaremos o inverno jogando pôquer,
respirando lentamente, bebendo muita água.
não há mistério no ventre do caos, no esqueleto
das plantas, no planeta subterrâneo das formigas.
os dentes desconhecem as fronteiras
entre o sonho e a carne. há vinho passeando
na medula dos jardins, há cupins desenhando as bocas
das vacas enormes, há uniformes pendurados no vendaval.
um banquete de ossos, um milagre no fundo do poço,
alguns bagres voando alto colina acima, a cisma da noz
contra o silêncio, o cio dos neurônios e das pálpebras.
lucidez despreocupada do afeto, suor, deriva tranquila
debaixo do sol. percepções do estômago e suas vozes,
olhares quietos, felicidade confiante na carcaça do tempo.
samurais e alquimistas jogam futebol ninjas andam nus e mancos nos flancos dos cabelos do sol tamanduás e formigas fazem carícias nas barrigas das dançarinas egipcías casas incendiadas e cores perdidas enchem os bolsos das cigarras memórias levantam voo sem ferir os joelhos, por exemplo. |
éris me trouxe aqui
para comer cajá e caqui
despreocupado, aquário
da cabeça sem peixes
azuis e vermelhos, espelhos
cobertos de musgos, sem mágoas.
éris me trouxe aqui
para construir canoas, observar
orquídeas e fungos, alma
limpa pela chuva, sem receio
da curva, morrer à míngua.
éris me trouxe aqui
para rir com ísis & osíris,
catar estrelas nos olhos de hórus,
língua séculos lambendo sapos e clitóris.
|
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
casaco verde do acaso,
alguns dentes quebrados
nos bolsos, os ossos de aves
e pequenas naves chinesas.
desejo e extinção do desejo,
trevas, tempestades, ventania,
rebanhos de grãos de areia
contra as retinas fatigadas.
pernas queimadas, barriga
cheia de sonhos, senhas
escritas com saliva, selva
da mente picada por vespa.
alguns dentes quebrados
nos bolsos, os ossos de aves
e pequenas naves chinesas.
desejo e extinção do desejo,
trevas, tempestades, ventania,
rebanhos de grãos de areia
contra as retinas fatigadas.
pernas queimadas, barriga
cheia de sonhos, senhas
escritas com saliva, selva
da mente picada por vespa.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
preocupações estúpidas,
estranhas ocupações.
vértebras esmagadas
pelo sopro solar.
um homem de vidro
carrega nove pássaros
presos em suas claras
clavículas. seus cabelos
alertam sobre explosões
e chuvas de tijolos.
há um disco voador no pátio
da escola abandonada.
a língua lilás do elefante,
o tumulto de mosquitos
roubando a oferenda e
o incenso, vespas voando
alto no coração do dia.
com os dentes rasgar
a aurora, o dia que nasce
nas costas do tigre. uma
tartaruga cega ditando
poemas de amor e gentileza
para os rudes mecânicos
do absoluto, via clandestina
da visão da choupana sensível
escondida no breu do afeto.
estranhas ocupações.
vértebras esmagadas
pelo sopro solar.
um homem de vidro
carrega nove pássaros
presos em suas claras
clavículas. seus cabelos
alertam sobre explosões
e chuvas de tijolos.
há um disco voador no pátio
da escola abandonada.
a língua lilás do elefante,
o tumulto de mosquitos
roubando a oferenda e
o incenso, vespas voando
alto no coração do dia.
com os dentes rasgar
a aurora, o dia que nasce
nas costas do tigre. uma
tartaruga cega ditando
poemas de amor e gentileza
para os rudes mecânicos
do absoluto, via clandestina
da visão da choupana sensível
escondida no breu do afeto.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
domingo, 13 de janeiro de 2013
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
debaixo das barbas de bachelard
o fogo é um animal
de sangue frio.
o rio é uma fruta
coberta de lodo.
o iodo é uma vegetal
na barriga da gruta.
***
disse-me uma cotovia:
voamos em sonho
quando somos felizes.
de sangue frio.
o rio é uma fruta
coberta de lodo.
o iodo é uma vegetal
na barriga da gruta.
***
disse-me uma cotovia:
voamos em sonho
quando somos felizes.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
dobras de huidobro
amor e paciência,
o horizonte é um rinoceronte.
há migalhas de pão no bolso
do casaco do louco e um pouco
de sabão pra lavar a barba.
um sol nasce na pupila esquerda
e eu seguro a lua entre os dentes.
a morte que morde as entranhas
dorme tranquila na calçada.
apenas nove dúvidas espantosas
debaixo dos cabelos longos
da mulher que amo na grande viagem.
paraquedistas incendiados
ordenham as estrelas da boca do céu.
sementes abertas pelo olhar
caem no útero. a gigante
sorri ternamente e então começa
o combate singular do coração
comendo rosas e brócolis.
a alma é uma tesoura enferrujada
que repousa na voz de hiena
do inverno, sombra que uiva.
o horizonte é um rinoceronte.
há migalhas de pão no bolso
do casaco do louco e um pouco
de sabão pra lavar a barba.
um sol nasce na pupila esquerda
e eu seguro a lua entre os dentes.
a morte que morde as entranhas
dorme tranquila na calçada.
apenas nove dúvidas espantosas
debaixo dos cabelos longos
da mulher que amo na grande viagem.
paraquedistas incendiados
ordenham as estrelas da boca do céu.
sementes abertas pelo olhar
caem no útero. a gigante
sorri ternamente e então começa
o combate singular do coração
comendo rosas e brócolis.
a alma é uma tesoura enferrujada
que repousa na voz de hiena
do inverno, sombra que uiva.
amanhã lá na pracinha
no começo da busca
audição atenta
aos assobios
das árvores
mais curiosas.
o céu é lâmina.
ainda não conheço
a mãe de meus filhos.
audição atenta
aos assobios
das árvores
mais curiosas.
o céu é lâmina.
ainda não conheço
a mãe de meus filhos.
ouço histórias de amor,
conto histórias alienígenas.
as vibrações doidas e azuis
que cobrem de plantas sorridentes
a atividade do caos.
desastrosa esperança
que anda trôpega
no coração infernal
da luz.
trincheiras nas estradas
para casa. braços guardados
no casaco da nona guerra
pela noz e pelo diamante.
sangue encharcando
as cordas vocais da fumaça.
mergulho na pupila calma
de um bilhão de lugares
de chuva psíquica e doce
deslocamento no dorso
das fontes de energias
deliciosas.
conto histórias alienígenas.
as vibrações doidas e azuis
que cobrem de plantas sorridentes
a atividade do caos.
desastrosa esperança
que anda trôpega
no coração infernal
da luz.
trincheiras nas estradas
para casa. braços guardados
no casaco da nona guerra
pela noz e pelo diamante.
sangue encharcando
as cordas vocais da fumaça.
mergulho na pupila calma
de um bilhão de lugares
de chuva psíquica e doce
deslocamento no dorso
das fontes de energias
deliciosas.
Assinar:
Postagens (Atom)