terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

bêbados traduzindo
poemas tibetanos

os sapatos roubados
dos supermercados

o vento é um cavalo:
vinho irrigando
as pupilas.

brenha cósmica,
manuscrito do mandril
no musgo.
há um imenso trabalho
para a boca vegetal da loucura:

comboio de corças incendiadas

deusas cuspindo gafanhotos
sobre os dorsos dos tigres

imigrante chinês
traduzindo poemas anarquistas italianos

bolas de gude
feitas de pequenos sóis

palhaço ancestral
revirando as cinzas da fogueira
de ossos

gnu guardando gravetos
na gaveta do inverno.
poemas e garrafas de vinho:
intuição magnética.
eletricidade remoendo
a nuca e os calcanhares.

caminho
aberto pelo acaso.
corpojunto,
carinho.

respiração e memória.
gargalhada dos ossos, galáxia dos olhos.
energias deliciosas cobrindo pernas,
peitos, umbigos.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

animais
roendo a madeira
e a imaginação

alma verde costurada
nos dentes do tigre

a lua fervendo
a linguagem das águas

crânios de ursos
e colunas de pedras:
passagens, cavalos
para escalar o azul.
chuva de ácido
sobre os cabelos
dos centauros
trotando nos travesseiros

as bochechas
do fogo comendo
insetos e certos
cantos antigos

a pança do tempo:
abrigo rigoroso
do infinito

mosquitos desenhando
sorrisos nas costas
dos crocodilos.