quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ah, saudade punk que eu tenho
de ficar jogando videogame
num velho super nintendo
olho no vidro de cada frame

ou então depois de passar
na padaria ir para o playtime
colocar o troco do pão
em cada máquina arcade

pobre de mim, pobre de mim
que já não carrego vacas
com o earthworm jim

os emuladores já não trazem mais
a infância dos golpes e saltos
os sustos e os sopapos dos macacos
e das minhocas, nem as horas mortas
para as quais não há continue, isso foi

e eu já fui

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

o universo em expansão em cada
pequenino grão de mostarda
e tantas dores e delírios
ardendo feito vinagre
derramado na carne aberta
de todos os seres e pedras


e eu aqui todo besta e alegre
com febre e imitando
o sotaque de adoniran repetindo
infinitas vezes, aracy balabanian
aracy balabanian, aracy balabanian
caminho-carniça, ninho de ratos
nos pratos sujos do peito

você disse a morte anda descalça
você disse o morto anda de skate

uma noite de barbitúricos
& sinucas em massachusetts

três copos de rum, uma garrafa
de rum & as vozes de seda

do absinto, o absurdo doméstico
dentro do estômago dos dromedários

qualquer língua sobre veludo verde,
martelo & prego

as piadas do sangue seco no chão,
o sol-vidro-moído das manhãs

aqueles litros de café na casa de praia do osama
bin laden junto com adam sandler
um pedacinho de silêncio
oração ao deus dos exemplares
que vendi, de modo que não
dor das loterias. arrume um mergulho,
sinta orgulho de nadar e de todos os lugares
o que penso en el cine o en la relación amorosa del viento
y las guías de viaje que hojeas con barrigas preñadas de muerte.

la esperanza de ter escrito e poeta do trem.

Uma vez foi definido que a poesia da nossa sociedade
é pensamento é denso espessa nuvem de incenso
povoando a chance dos cemitérios cujas árvores
implantam filamentos verdes desalinhados reis
celebram a púrpura e comandam trompetistas auricolores
até a baleia pede mais beleza, mais beleza.
bom senso, bonsai
não há chá e incenso
enquanto bebe suco
de uma multinacional
como dizer a tartaruga pelo ferro velho
rinocerontes bêbados de vinho tinto
exclamou o outro

 - estudou muito sobre o balanço das árvores

pablo e exercícios telepáticos
sons dos pés de nossos hábitos diurnos
a flor convertida pela senhora vida
com seu capricho
thomas more ouvia faith no more
& você nunca foi a maranguape
quando nanico me assustei
com um vesgo vendedor
de picolés e até hoje
peço desculpas


jamais perdi as bolas de gude
que jogava naquele dia

assim como não perdi a fome
de me embrenhar no breu

hoje consigo encontrar pássaros
verdes no meio das folhas verdes
verões na memória cheia de água

as lágrimas são amigas deitadas
em colheres repletas de wasabi
& o vento nos traz vozes de alcatraz
onde garis dormem nas madrugadas
ractopamina
para engordar
espíritos de porcos
pau de arara de selfie
chacrinha & sua buzina
me contaram: na esquina
tem duas casas de chá
& os poetas bebem
erva doce, capim santo
& ouvem o canto
de um abutre colorido
enquanto no porão cozinham
o gemido, o urro, o berro & um caldo
misturado de lama, anis & estricnina
para fixar na carne um arame, um aroma
azedo & deitar na calçada um corpo em coma
depois de mais uma sessão de fotografias
aquele misto de euforia & eutanásia
dirigir nu até acabar a gasolina
numa carona para texugos cegos
eu faria um forró no pátio da nasa
uma casa no olho fundo da turmalina
Big Kahuna trouxe um chapéu de pregos

acendi um cigarro para slavka, vodka
eu derrubei em cima da cama, comi
uma panqueca de caco de vidro
esqueci o nome do vento
uma anta no bolso do esquimó
florestas de eucalipto na língua do eunuco
sequelas & sequoias penduradas no pescoço
pés descalços no aço frio do chão de outro UFO