quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

satori da pesada

depois do êxtase, o detetive
axel foley lava a roupa suja.

uma gargalhada, tudo está
como está: poeira e água.

música quente embalando
o coração do malandro
que varre o pátio.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

paisagem com fantasmas e laranjas

talvez jamaica, espírito confortável
do coelho gordo chupando mangas.
ska soprando no radinho de pilha
esquecido sobre o balanço da árvore.

pablo e sua escaleta, deusas
descansando na sombra generosa.

fumaça dos dias refrescantes, água
das palavras delicadas e gentis.
falarei do vento, do vinho mediterrâneo,
da estrela molhada na saliva do leopardo.

filho da brasa, ando em trapos
enquanto minha alma se despede
nos aeroportos de teus olhos bêbados.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

bilhete para leopoldo

dos favores que prometi,
te devo a loucura.

bêbado de vida
e não de morte,
um pássaro.

nunca sabemos
o que diz o céu.

há vinho suficiente
nos lábios da mulher que ri.
enquanto é vento, desejo
de ser pele azulada
decifrando as rasuras
do infinito celeste
(seu reflexo).

ruídos da cidade sem ar.
lugares abandonados,
aquecidos pelo silêncio.

um cavalo mastiga capim
do medo nas brechas
das calçadas e dispara
veloz pela sombra.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

um mercenário do império
pisa sobre o lírio, furta
o empório e zarpa
pra mercúrio.

sábado, 18 de janeiro de 2014

floresta aleatória, sombras
e nossas razões cochilando.

faça amigos com a montanha,
eles disseram. não haverá
sirenes nos perseguindo.

esta é apenas uma canção
chamada fogo, brilho
das estrelas azuladas.

não escrevemos
nossos nomes nas árvores,
mas deitamos
sobre suas raízes.
mensagens telepáticas
de nossos informantes
tibetanos, ilustrações
de cogumelos gigantes
e o acordo espontâneo
e místico entre nossas
pálpebras e as zebras.