quinta-feira, 12 de julho de 2007

não tenho pátria. sem geração. ando só. só como um lobo. não estou aí nem aqui. eu não estou. como um lobo. só corro. não sou. um lobo. viro as esquinas. eu queimo o caminho. veloz. feito um fogo sem rumo. e sem fogo. eu não insisto em ser alguém. só corro. como um lobo. ir mais longe. o que eu posso andar. correr. todo o silêncio. esse dia. a bola do sol. estou só como um lobo sem sol. por que? não devo acreditar em nada. como um lobo. eu só devo mostrar os dentes. mostrar os dentes e afastar as pessoas. como um lobo. armado. mostro os dentes e recolho a alma. sem pressa. numa festa de dentes. e sangue. desalmado. como um lobo. como um azul magro. ou fosco. como a epiderme riscada pelo fósforo. liberados! o ar me cria como um lobo ou um lagarto que procura o crime. como um bastardo. um sem-sono. sem nome. um que não dorme. nem perto nem longe. os olhos abertos e os dentes à mostra. em toda a carne. a pintura. como diversão. como uns sapatos indo pra lá e pra cá. como alguma coisa roçando o chão. como as calçadas e as avenidas da cidade. essa violência. essa coisa da pele e do vermelho. todas as drogas e nossa felicidade. tudo na farmácia violenta de nossos corpos. eu lembro um lobo em tuas unhas. a noite me engana e eu corro dentro de você. sou violento. violento como um lobo. e cínico. eu gero o sol que entra nesse quarto. eu gero meus inimigos. o que está podre (não) tem razão. não quero a súplica. escondo meus dentes e minhas patas. minha cara é uma história. os irmãos não sabem das feras. eu sou um lobo. essa noite eu vou correr. riscar as ruas. ir por aí. como um espírito. sem espírito. como uma cabeça. somente a razão. ou um corpo bem assim. como se fossem os pés. indo. indo. in do. i n dd do. sem onde nem quando. como um espírito de porco. cruzando a repetição. e as ruas dobrando nos mesmos nomes e nos mesmos instantes. com um som estranho rodando na cabeça. imginando as curvas. uma boca enorme e outros espíritos. como um grito primitivo. somente um grunhido. um sem-sentido dada. avante. uma ave sem nome e sem pluma. apenas gritando. apenas. um a. um u. algo em torno da garganta, de dentro da garganta. sem hora de acordar. só o sol desse a desse u. um a. um u. aa uu. assim mesmo. de dentro. das dobras da boca de dentro. esse estômago. um a e um u. isso. um grito. de ficar cego. um a. um. um lobo. corre. um a e um u. a hora de gritar. correr. um lobo. um a e um u. um risco. esse horizonte. lá na frente, esse tempo. um a e um u. assim mesmo sem tempo pra respirar. só olhar ou correr. cruzando todas as ruas. e destruindo as igrejas com um sonoro não. um a e um u. basta pra dizer que não gostamos de bispos, padres, madres nem freis. somente um a e um u pra dizer que não gostamos do papa nem da frigidez. não gostamos da igreja. temos só a pele, os dentes e os ossos. o corpo o espírito de porco. não gostamos de deuz nem do amém. não. um nó. é um templo. a frigidez. os pés amarrados. sem festa. sem corpo e sem pés. eu não tenho religião. só. só como um lobo. eu não gosto. só de minha pele, meus dentes e meus ossos. depois o pó. o não.

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