sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

dobras de huidobro

amor e paciência,
o horizonte é um rinoceronte.
há migalhas de pão no bolso
do casaco do louco e um pouco
de sabão pra lavar a barba.

um sol nasce na pupila esquerda
e eu seguro a lua entre os dentes.

a morte que morde as entranhas
dorme tranquila na calçada.
apenas nove dúvidas espantosas
debaixo dos cabelos longos
da mulher que amo na grande viagem.

paraquedistas incendiados
ordenham as estrelas da boca do céu.

sementes abertas pelo olhar
caem no útero. a gigante
sorri ternamente e então começa
o combate singular do coração
comendo rosas e brócolis.

a alma é uma tesoura enferrujada
que repousa na voz de hiena
do inverno, sombra que uiva.

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