sexta-feira, 7 de junho de 2013

quase miro no breu

ah, como tenho saudade
das lambidas da aurora.
os átomos das lembranças
provocam choques agora.

à sombra, num tapete no quintal,
eu a chupava e chupava manga,
ela chupava e lambia meu pau.

língua de sabedoria selvagem
e sensível, fazia malabares
com o imprevisível. dos pés
à nuca, nunca esqueceu:
mensagens elétricas,
massagens secretas,
histórias eróticas.

sempre perdíamos a hora
do trabalho, enquanto ela
cavalgava em meu caralho.

gostávamos da luz da lua.
eu pelado, ela nua,
dois espíritos animais
inundados por ancestrais.

gastávamos as fibras do dia.
eu urrava, ela ria,
dois incêndios cósmicos
narrados por mímicos.

ah, como tenho saudade
das lambidas da aurora.
entre a multidão e a maldade
o cheiro de manga me devora.

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