quarta-feira, 15 de agosto de 2007

o nosso rei está no ventre. minha palavra cobre o sol. o livro fica em silêncio e toda terra

treme. nosso povo vem de longe. caminhando através dos séculos. os passos perdidos dentro da

linguagem. a profecia se abre como uma fruta e a manhã. a aurora derrama seus olhos sobre

seus filhos. o dia cospe em nossas bocas e nos amamenta. a enorme teta do mundo nos abriga.

os antebraços mais doces das cidades nos acariciam. nossos rostos são iluminados como o fogo

que queima desde o início. o universo escorrendo na calçada. um sorriso aceso como as

crianças que correm à nossa frente. nos jardins os tigres brincam com as vespas. o caminho

se contorce como um deus elétrico. o tempo flui em nossa medula. meu povo tem sede de

felicidade e justiça e colhe os lírios mansos do afeto. criamos as camas e os vinhos nobres

do espírito e da carne. nossas casas tem o cheiro da amizade e um gesto esquisito suspenso no ar.

queimamos nossos nomes na estrada. estamos dentro do gato azul. o céu redobra a atenção e os

pés cantam as belas cantigas. a paz e o delírio. o grande oriente. a américa e o antigo. o ocidente e

o antes. nosso além e nossa origem. a floresta mansa de nossos antepassados. a fome por afeto. e

a justiça de nosso ventre. a vida. e a nossa vida.

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