quando eu cair entre as rochas eu vou dizer que estava querendo caminhar por aí.
como se fosse agosto e chovesse mas o frio não me fizesse esperar o sol e eu
seguisse por aí. sem procurar as pessoas sem rosto. sem anotar os nomes sobre
nós. sem o guarda-chuva imenso da lógica. sem querer saber nada sobre nós.
deixando esse silêncio para nós. sem pedir um favor e aquecer o coração. como as
coisas que não cabem mais em nós. o último filme que fiz e esse perfume que você
levou embora. e as frutas que eu pintei sobre você sem razão. e o dia foi fumando
o que eu sei. esse silêncio eu guardei na estrada e fiz o pó te cobrir. um pé e
outro. eu num caminho sem a tua imagem e sem a voz. com a medula chorando essas
estrelas grandes como o sol. mas eu não espero nada e talvez por isso eu sangre
enquanto caminho. e às vezes eu posso dormir sobre meus olhos. e eu leio a sombra
e água e o fogo com muito amor. porque isso não diz de nós. isso é. e eu sinto
como se abrisse o estômago e a manhã pra ir me deitar. como se fosse a melhor
coisa a se pensar. um sentimento bonito. um sorriso sem direção. tateando afeto
como uma coisa que permance jovem. uma asa errando pela rua. olhando os que
passam e não tem nome. essa treva do novo como um tóxico. mas isso é a melhor
coisa a se pensar. andar sem as mãos no bolso. observando os passos. e tudo que é
outro enroscando em nossa pele. eu saio e me perco. e isso é como uma rua
estreita. e eu me encosto nos outros. reviro os abismos sem código e isso é o
melhor a se pensar. eu sinto.
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